Tinha 70 anos, tocara com Herbie Hancock e Thelonius Monk, e era visto como um dos melhores trompetistas de hard-bop nos EUA.
Ganhou um Grammy em 1972 pelo álbum First Light, gravado com os membros da banda de Miles Davis George Benson e Jack DeJohnette.
A estrela tinha estado no hospital desde um ataque cardíaco em Novembro.
Nascido com o nome de Frederick Dewayne Hubbard em Indianapolis, o músico começou por tocar o melofone, uma espécie de clarim na banda da escola.
Um ano depois, passou para a secção de trompete, tendo começado a aprender a tocar o instrumento que três dos seus irmãos já tocavam.
Um trinado de marca
Depois de se mudar para Nova Iorque em 1958, gravou o seu primeiro álbum, Open Sesame, e gozou de uma subida meteórica nos círculos de jazz.
Associou-se a lendas do jazz como Thelonius Monk, Miles Davis, Ornette Coleman e Sonny Rollins.
Mais tarde a estrela recordava o ter tocado com John Coltrane como um dos pontos altos do início da sua carreira.
"Conheci Trane numa jam session em casa do Count Basie em Harlem em 1958", disse à revista de Jazz Down Beat em 1995.
"Ele disse: 'Porque não apareces e tentávamos praticar um bocado juntos?'
"Quase fiquei doido. Imagina, aqui está um puto de 20 anos a praticar com o John Coltrane.
"Ele ajudou-me muito, e trabalhamos juntos várias vezes."
Finalmente o estilo próprio de Hubbard - incluindo um trinado de marca conhecido como "shake" (abanão, sacudidela) - tornaram-se eles próprios influenciadores.
"Ele influenciou todos os trompetistas que vieram depois dele,", disse o trompetista Wynton Marsalis à agência Associated Press.
"Claro que o escutei muito. Todos o escutámos. Ele tinha um som volumoso e um grande sentido de ritmo e tempo, e realmente o traço característico da sua forma de tocar é uma exuberância."
Hubbard tocou nalguns dos maiores discos de jazzz dos anos 60 como Maiden Voyage de Herbie Hancock, o radicalmente experimental Free Jazz de Ornette Coleman, Ascension de John Coltrane, e o seu próprio clássico, Ready for Freddie, acompanhado por McCoy Tyner, Waine Shorter e Elvin Jones.
Mas gozou de um grande sucesso com o grande público com uma série de álbuns a solo no início dos anos 70 entre os quais Red Clay, Straight Life e First Light premiado com Grammy.
O seu tom lustroso, o registo alto cheio de brilho e as notas de meio-pistão, apertadas, estilo blues fizeram dele um candidato ao título de Miles Davis de maior trompetista de jazz daquela era.
"Toquei algumas coisas que não penso que muitos tipos vivos hoje podem tocar," disse ele o ano passado enquanto promovia o seu último álbum On The Real Side.
A sua carreira foi ameaçada no início dos anos 90 quando anos a fio de digressão e gravações levaram a uma lesão no lábio, a partir da qual ele podia apenas tocar ocasionalmente.
"O meu conselho a qualquer jovem trompetista é não fazer o que eu fiz porque aquele estilo pode ser prejudicial para a saúde", disse no ano passado.
Hubbarddeixou a sua mulher de 35 anos Briggie Hubbard, e o seu filho Duane.
Recomendações:
Ready for Freddie, Freddy Hubbard, Blue Note, 1961
Mayden Voyage, Herbie Hancock, Blue Note,1965
Desabafo:
Miles foi muito mais do que um trompetista, é uma lenda da música, inclassificável, percorreu quase todos os caminhos possíveis. Mas agarrado ao trompete soube inteligentemente compensar a sua falta de brilhantismo técnico com uma expressividade e lirismo excepcionais. Freddie tinha as duas qualidades anteriores. Queria que este comentário os aumentasse aos dois, e não passasse por um elogio de Freddie em detrimento de Miles, com dois estilos tão diferentes.
Artigo original, em inglês:
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