Wednesday, July 29, 2009

A Bossanova de Ruy Castro


1958. Elisete canta, João toca violão, Tom e Vinícius composeram. 50 já cá cantam.

Eu confesso que já quiz falar aqui do Brasil um monte de vezes.
Mas intimida, abrir o livro sobre uma super-potência mundial musical onde cada habitante é um livro de canções andante.
Mas o problema maior é geral e de fundo: é que Brasil não é para principiante!
É um país que de Norte a Sul tem dezenas de estilos e tradições musicais.
Só o Rio tem choro, tem samba, tem bossanova, tem funk carioca, tem congo, tem jongo, tem Tim Maia...
Mas temos que começar por algum lado, e começamos por uma boa notícia.
O escritor mineiro Ruy Castro, cronista da Bossanova e dos seus lugares e gentes do Rio, está ao leme de uma colecção de CDs, editado nas comemorações dos 50 anos da Bossanova pela Folha de S. Paulo em 2008 e agora distribuída pelo Jornal Público.
É ele o autor do livro "Chega de Saudade", uma referência para os amantes da Bossanova e das boas histórias da música.
É uma ocasião única para conhecer vozes menos conhecidas deste lado do Atlântico como a Sylvinha Teles ou a Maysa e compositores fundamentais como João Donato, Carlos Lyra ou Marcos Valle.
Vale a pena acrescentar que os discos de alguns destes autores são de difícil acesso mesmo no Brasil.
Os CDs vêm com abundantes textos do Ruy Castro e fotografias da época do seu acervo pessoal e de outros arquivos assim como uma Bibliografia e Discografia para cada um dos doze nomeados.
Ao ouvir as composições do Maestro António Carlos Jobim, com sua sofisticação melódica misturada com a naturalidade do sabiá, tenho a certeza que estamos perante uma genialidade apenas equiparável aos grandes mestres do Great American Songbook. A música do século XX com a sua capacidade de por as notas a hesitar, gritar e surpreender camuflada nessas melodias doces como animais da floresta atlântica. Descobrir esses detalhes do erudito no popular, é sentir essa simbiose de estilos de todo o Brasil, de todas as Américas e da Europa que convergiu no Rio daquela época para dar origem a uma música universal como poucas.
No meio do contentamento os protestos discretos pela falta da Dolores Duran.
Bem-vindos à Grande Música Brasileira.
Se não comprar ao Sábado peça emprestado que é legal.

(Dedicado ao Maurinho que comigo partilhou tantas estórias e letras.)

Wednesday, July 22, 2009

Artes Tradicionais Africanas no Pátio da Galé: Colecção de José de Guimarães

Pois é, o ano de 2009 continua fértil em exposições de Artes Tradicionais Africanas, no Pátio da Galé mesmo no Terreiro do Paço.
Depois da colecção de Eduardo Nery cabe a vez à colecção de José de Guimarães, também artista plástico.
A exposição organizada pela Câmara Municipal de Lisboa intitula-se 'África: Diálogo Mestiço' e conta com cerca de 360 obras da coleção de mais de 1000 constituída ao longo de 40 anos, e está organizada por etnias.
Podem visitá-la até dia 30 de Setembro de 2009, todos os dias das 11h às 19h.

Monday, July 20, 2009

A Raínha e a Princesa



Toda a gente sabe que o país mais importante do Mundo, em termos musicais, depois do Brasil é o Mali. O ano de 2009 presenteia-nos com dois discos da Raínha e da Princesa das vozes do Mali. Não se trata de uma hierarquia mas de uma diferença na maneira de estar, na voz, na escolha de temas de intervenção social, e nas próprias tradições musicais que representam.
Sei que estou a cometer um crime em não fornecer mais informação sobre o Mali e o papel especial que os músicos e a circulação musical tem na sua história e sociedade. Mas prometo voltar lá pois hoje queria pedir-vos apenas que escutassem.
Sem mais delongas apresento a realeza do Mali.



A raínha Kandia Kouyaté acabou de lançar Ngara, que recolhe temas de 1981-1984-1999, depois do genial Kita Kan de 1999 e de Biriko de 2002. Continuo em busca do misterioso Woulalé...
Voz poderosa com tons altos e controlados, imperativos. Aqui a cantar Djeli Nana.



A princesa Oumou Sangaré lançou em Fevereiro de 2009 Seya, após seis anos de interregno. Ibrahim Sylla gravou com ela o primeiro disco de originais em 1988, Moussolou, mas como não apreciava muito o estilo Wassolou, guardou o registo durante dois anos. Oumou implorou-lhe que lançasse o disco, pois começavam a interpretar as canções dela, o que ele fez e vendeu 600.000 cassetes legais, após o que lhe ofereceu um Peugeot 505. Editou Ko Sira em 1993 e Worotan em 1996. Oumou de 2003 tem 12 temas retirados dos 3 primeiros discos e 8 novas composições.
A sua voz é uma combinação de doçura e agilidade difícil de igualar. Tal como difícil é esquecer a sua graciosidade e calor em palco. Aqui Seya, do novo álbum.




Que o espírito de Sira Mory Diabaté as abençoe.

Thursday, July 9, 2009

Gulbenkian: Próximo Futuro

Imagem de "Il était une fois l'indépendance" de Daouda Coulibaly, Mali, 2008.


Está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian uma festa da cultura com cinema e música aberto à África, America Latina e Caraíbas.

Ainda pode ver um filme do Mali, hoje de Daouda Coulibaly, intitulado "Il était une fois l'indépendance" e Salah: An African Toubab de Margriet Jansen.

É no anfiteatro ao ar livre pelas 21h.

Fica ainda tempo para passear um pouco pelo melhor de Lisboa, no fresco da noite.

Mais info em:
http://www.gulbenkian.pt/index.php?section=8&artId=1751