Tuesday, December 30, 2008

Freddie Hubbard, trompetista de Jazz faleceu



Tinha 70 anos, tocara com Herbie Hancock e Thelonius Monk, e era visto como um dos melhores trompetistas de hard-bop nos EUA.

Ganhou um Grammy em 1972 pelo álbum First Light, gravado com os membros da banda de Miles Davis George Benson e Jack DeJohnette.

A estrela tinha estado no hospital desde um ataque cardíaco em Novembro.

Nascido com o nome de Frederick Dewayne Hubbard em Indianapolis, o músico começou por tocar o melofone, uma espécie de clarim na banda da escola.

Um ano depois, passou para a secção de trompete, tendo começado a aprender a tocar o instrumento que três dos seus irmãos já tocavam.

Um trinado de marca

Depois de se mudar para Nova Iorque em 1958, gravou o seu primeiro álbum, Open Sesame, e gozou de uma subida meteórica nos círculos de jazz.

Associou-se a lendas do jazz como Thelonius Monk, Miles Davis, Ornette Coleman e Sonny Rollins.

Mais tarde a estrela recordava o ter tocado com John Coltrane como um dos pontos altos do início da sua carreira.

"Conheci Trane numa jam session em casa do Count Basie em Harlem em 1958", disse à revista de Jazz Down Beat em 1995.

"Ele disse: 'Porque não apareces e tentávamos praticar um bocado juntos?'

"Quase fiquei doido. Imagina, aqui está um puto de 20 anos a praticar com o John Coltrane.

"Ele ajudou-me muito, e trabalhamos juntos várias vezes."

Finalmente o estilo próprio de Hubbard - incluindo um trinado de marca conhecido como "shake" (abanão, sacudidela) - tornaram-se eles próprios influenciadores.


"Ele influenciou todos os trompetistas que vieram depois dele,", disse o trompetista Wynton Marsalis à agência Associated Press.

"Claro que o escutei muito. Todos o escutámos. Ele tinha um som volumoso e um grande sentido de ritmo e tempo, e realmente o traço característico da sua forma de tocar é uma exuberância."

Hubbard tocou nalguns dos maiores discos de jazzz dos anos 60 como Maiden Voyage de Herbie Hancock, o radicalmente experimental Free Jazz de Ornette Coleman, Ascension de John Coltrane, e o seu próprio clássico, Ready for Freddie, acompanhado por McCoy Tyner, Waine Shorter e Elvin Jones.

Mas gozou de um grande sucesso com o grande público com uma série de álbuns a solo no início dos anos 70 entre os quais Red Clay, Straight Life e First Light premiado com Grammy.

O seu tom lustroso, o registo alto cheio de brilho e as notas de meio-pistão, apertadas, estilo blues fizeram dele um candidato ao título de Miles Davis de maior trompetista de jazz daquela era.

"Toquei algumas coisas que não penso que muitos tipos vivos hoje podem tocar," disse ele o ano passado enquanto promovia o seu último álbum On The Real Side.

A sua carreira foi ameaçada no início dos anos 90 quando anos a fio de digressão e gravações levaram a uma lesão no lábio, a partir da qual ele podia apenas tocar ocasionalmente.

"O meu conselho a qualquer jovem trompetista é não fazer o que eu fiz porque aquele estilo pode ser prejudicial para a saúde", disse no ano passado.

Hubbarddeixou a sua mulher de 35 anos Briggie Hubbard, e o seu filho Duane.

Recomendações:

Ready for Freddie, Freddy Hubbard, Blue Note, 1961

Mayden Voyage, Herbie Hancock, Blue Note,1965


Desabafo:

Miles foi muito mais do que um trompetista, é uma lenda da música, inclassificável, percorreu quase todos os caminhos possíveis. Mas agarrado ao trompete soube inteligentemente compensar a sua falta de brilhantismo técnico com uma expressividade e lirismo excepcionais. Freddie tinha as duas qualidades anteriores. Queria que este comentário os aumentasse aos dois, e não passasse por um elogio de Freddie em detrimento de Miles, com dois estilos tão diferentes.


Artigo original, em inglês:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/entertainment/7804290.stm

Saturday, December 27, 2008

Reveillon 2008 - actualizado


Janus, Museo del Duomo, Ferrara

O Quê: Reveillon 2008
Quem organiza: Ondeando
Onde: Costa da Caparica
Quanto: 25€
Bar Aberto: Não
Contacto: 212 905 499

O Quê: Noite de Reveillon con D. Kikas
Quem organiza: Aires Silva
Onde: Armazém F - Rua Cintura do Porto, 65 - Santos - Lisboa
Quanto: 120€ Individual - 220€ Casal (com Jantar) / 75€ Individual - 130€ Casal (sem Jantar)
Passou, sem nenhuma explicação, para 30€ (com Jantar) - 15€ (sem Jantar) ??!!??
Bar Aberto: Sim
Contacto: 963 660 756
Site: -

O Quê: Reveillon Escola de Dança STEPS
Quem organiza: Waty Barbosa e Arthur
Onde: Rua dos Caminhos de Ferro, 90-B - Santa Apolónia - Lisboa
Quanto: 40€ Individual - 70€ Casal
Bar Aberto: Sim
Contacto: 964 718 525 - 918 284 741
Site: -

O Quê: Reveillon
Quem organiza: Dança no Coração / Círculo de Dança de Lisboa / Escola das 1001 Danças (Ateneu)
Onde: Teatro da Luz
Quanto: 20€ Individual
Bar Aberto: Não
Contacto: 913 317 055
Site: http://dancanocoracao.blogspot.com/

Casa de África em Lisboa - Livros do Ano 2008



Não Ficção
"From Genocide to Continental War: The Congo Conflict and the Crisis of Contemporary Africa"
Gérard Prunier, 544p, Hurst
Compreender o Congo, por um historiador que viaja em África há 37 anos e autor do "The Ruanda Crisis". Desde a morte de Mobutu Sese Seko, que dominou o país durante 32 anos até ao seu afastamento em 1997 e o aparecimento de milícias rebeldes e exércitos estrangeiros, envolvendo quase todos os países da região.
Creio que existe uma edição do mesmo livro nos EUA da Oxford University Press.
Consultar também os artigos de Muayila Tshiyembe "Kinshasa menacé par la poudrière du Kivu"(sobre os recursos minerais do Kivu), e Delphine Abadie, Alain Deneault e William Sacher "Balkanisation et pillage dans l'Est congolais"(sobre as ligações ao Canadá), Le Monde Diplomatique, de Dezembro 2008, edição francesa.
Review do FT, em inglês:
http://www.ft.com/cms/s/0/70bffd44-c719-11dd-97a5-000077b07658.html



Não Ficção
"Africa: Altered States, Ordinary Miracles"
Richard Dowden, 448p, Portobello Books
O autor é jornalista há 30 anos, trabalhou no Economist e é actualmente director da Royal African Society, partilhando neste livro a sua vasta experiência colhida no Uganda, Nigeria, África do Sul, Zimbabué, Sudão e Senegal.
Review do Guardian, com erros anotados, em inglês:
http://www.guardian.co.uk/books/2008/nov/01/africa




Ficção
A Mercy, Toni Morrison, Alfred A. Knopf
O novo livro de Toni Morrison conta a história de uma criança escrava e de uma casa onde vivem várias mulheres orfãs na América do séc. XVII.
Extracto do primeiro capítulo, em inglês:
http://www.nytimes.com/2008/11/30/books/chapter-a-mercy.html

Friday, December 26, 2008

Estudos Africanos - University of Chicago Press (2005-2008)


A University of Chicago Press tem um catálogo extenso com títulos sobre os mais diversos temas sob a égide dos Estudos Africanos: sobre África mas também sobre a cultura afro-americana.
Destacamos as publicações sobre Música e Etnomusicologia, com forte presença da música africana, e por isso apresentamos uma selecção mais alargada.
Sinopses de todas as publicações em http://www.press.uchicago.edu/.

Witchcraft and Anthropology
  • Bewitching Development - Witchcraft and the Reinvention of Development in the Neoliberal Kenya, James Howard Smith, 2008, UCP
  • Witchcraft - Violence and Democracy in South Africa, Adam Ashforth, 2005 UCP
  • Madumo - A Man Bewitched, Adam Ashforth, 2000 UCP
  • Kupilikula - Governance and the Invisible Realm in Mozambique, Harry G. West, 2005 UCP

Anthropology
  • Gangs, Politics and Dignity in Cape Town, Stephen Jensen, 2008 UCP
  • The New Urban Renewal - The Economic Transformation of Harlem and Bronzeville, 2008 UCP
  • Routes of Remembrance - Refashioning the Slave Trade in Ghana, Bayo Holsey, 2007 UCP
  • Culture Troubles - Politics and the Interpretation of Meaning, Patrick Chabal and Jean-Pascal Daloz, 2006 UCP
  • The Pan-African Nation - Oil and the Spetacle of Culture in Nigeria, Andrew Apter, 2005 UCP
  • Dilemmas of Culture in African Schools - Youth, Nationalism and the Transformation of Knowledge, Cati Coe, 2005 UCP
  • Uncertain Honor - Modern Motherhood in an African Crisis, Jennifer Johnson-Hanks, 2005 UCP
  • The Illusion of Cultural Identity, Jean-François Bayart, 2005 UCP

Geography and Society
  • Challenging Nature - Local Knowledge, Agroscience and Food Security in Tanga Region, Tanzania, Philip W. Porter, 2006 UCP

Politics and Society
  • Robert Clifton Weaver and the American City - The Life and Times of an Urban Reformer, Wendel E. Pritchett, 2008 UCP
  • Minority Report - Evaluating Political Equality in America, John D. Griffin e Brian Newman, 2008 UCP
  • Law and Disorder in the Postcolony, Editado por Jean Comaroff e John L. Comaroff, 2006 UCP
  • A Future for Africa - Critical Essays in Christian Social Imagination, Emmanuel M. Katongole, 2005 UCP
  • The HIV and AIDS Bible - Selected Essays, Musa W. Dube, 2006 Distributed for the University of Scranton Press

Music and Ethnomusicology

Tuesday, December 16, 2008

Casa de África (CAL) - Invasão da Hypemachine



Na barra do lado direito podem espreitar o que se ouve na Casa de África.
Como esta semana vamos publicar aqui a entrevista com os Last Poets da Perfect Sound Forever, fizemos uma selecção de nomes grandes da história do hip-hop.
Basta clicar no símbolo da Hypemachine.

Sunday, December 14, 2008

Tim Hamill sobre Arte Tradicional Africana

Os trabalhos expostos na nossa galeria, e as imagens mostradas no nosso site, são peças tradicionais de muitos dos povos mais importantes da África Ocidental e Central, seleccionados para dar uma amostragem representativa dos temas, técnicas e estilos da arte tribal Africana. As artes visuais em África vão da decoração do corpo (como pintura do corpo e escarificação), jóias e roupa, até arquitectura, objectos utilitários (como armas, moeda, mobília e utensílios), instrumentos musicais e escultura, que são usualmente figuras e máscaras. Todos eles serviram uma função nas sociedades tribais tradicionais, para preservar e transmitir as crenças e valores destas sociedades que não possuíam documentos escritos. As máscaras eram parte de fatos de corpo inteiro e eram usadas com música e dança em espectáculos rituais para controlo social, educação dos jovens, melhorar a fertilidade ou o sucesso, adivinhação, estatuto e diversão. As figuras normalmente descreviam ancestrais ou espíritos; a maior parte eram venerados e ofereciam-lhe orações e sacrifícios em troca de protecção e bem estar. Alguns objectos eram considerados mágicos e acreditava-se que tinham grandes poderes.
O trabalho é “tradicional” porque foi realizado no mesmo estilo básico através das gerações ou mesmo séculos. O estilo de cada peça é determinado pela sua significância espiritual e simbólica na vida da tribo. A espectacular variedade de estilo abarca uma linguagem visual complexa e variada. Há aqui uma intemporalidade que está lutando para sobreviver à influência do Colonialismo, Islão, Cristianismo, desenvolvimento moderno e todos os problemas actuais de África. Todos nós podemos honrar e apreciar uma expressão da criatividade humana com uma imagética rica e um poder que atravessa barreiras étnicas. Esperamos que ajude cada um de nós a ganhar respeito e conhecimento sobre África e o seu povo.
A maior parte dos trabalhos é esculpido em madeira; muitos incluem adições de tecido, ráfia, metal, penas, couro, unhas, pigmento, petróleo, contas ou oferendas sacrificiais. Muitas das máscaras perderam a sua ráfia e o seu fato e devemos ter consciência de que elas nunca foram criadas para serem objectos estáticos mas dotadas de ritmo, espírito e magia através do uso da música, dança, teatro e voz. Peças de metal, tais como armas (ceremoniais ou reais) e moeda sobrevivem mais do que a madeira nos trópicos. A maior parte das peças de madeira tem entre 10-50 anos.
Eu colecciono Arte Africana devido ao seu poder, beleza, magia e maestria de execução. A minha perspectiva é a de um artista, não a de um antropólogo. Eu escolho peças baseado em critérios visuais formais, algum conhecimento das tradições tribais, e como eu sinto que a peça consegue no que visa e se o trabalho me dá um sentido interior de satisfação, prazer e mistério. Não é necessário certamente compreender muito de arte Africana para se ter prazer com ela, num misto de maravilha e espanto.

Tim Hamill, Director,
Hamill Gallery of African Art, Boston

Texto original em:
http://www.hamillgallery.com/SITE/AfricanArtStatement.html

Thursday, December 11, 2008

Barkley L. Hendricks: Exposição Birth of the Cool no Studio Museum Harlem em New York

Sweet Thang, Barkley Hendricks, 1975


Decorre até 15 de Março de 2009, no museu Studio Museum Harlem, em Nova Iorque, a primeira exposição retrospectivado pintor Barkley L. Hendricks. Nascido em 1945 em Filadélfia, estudou na Academia de Belas Artes da Pensilvânia (Pennsylvania Academy of Fine Arts) e na Universidade de Yale, vivendo e trabalhando hoje em New London, Connecticut.
Ficou conhecido pelos seus retratos de tamanho natural de pessoas negras habitantes de zonas urbanas nos anos 60 e 70. Esta exposição sem paralelo dos quadros de Hendricks inclui trabalho de 1964 até ao presente.
Ao lado dos seus retratos icónicos, estarão trabalhos menos conhecidos, quer antigos quer as peças mais recentes, estudos feitos ao ar livre da paisagem da Jamaica.
esta exposição foi organizada pelo Museu de Arte Nasher da Universidade Duke e é curada por Trevor Schoonmaker, indo viajar para o Museu de Arte de Santa Monica, Academia de Belas Artes da pensilvânia e o Museu de Artes Contemporâneas de Houston depois de deixar o Studio Museum.
Já que o Sr. Hendricks foi fortemente influenciado pela arte Europeia, esperamos que a sua obra também nos visite por aqui.


Visita guiada em inglês na Photo Gallery em:
http://www.nasher.duke.edu/exhibitions_hendricks.php

Site do Museu onde está actualmente a exposição:
http://www.studiomuseum.org/barkley-l-hendricks-birth-of-the-cool/

(Fonte: Studio Museum Harlem, Nasher Museum of Art)

Friday, December 5, 2008

Centro de Arte Africana Contemporânea.

Tríptico Ngola Bar de Kiluanji Kia Henda.


Nós por aqui gostamos que as ideias e a cultura ganhem pedra e cal.

Votos de que José António Fernandes Dias consiga conservar a independência da instituição e a sua abertura aos países não lusófonos.

A foto é apenas um tributo da CAL a um grande fotógrafo angolano.

Que grande notícia!

CAL

Africa.cont será anunciado oficialmente dia 9
Centro de arte africana contemporânea é aposta estratégica do Governo

29.11.2008 - 14h34 Alexandra Prado Coelho
Acontece exactamente um ano depois da cimeira UE-África, e não é por acaso. No próximo dia 9, o primeiro- -ministro José Sócrates irá anunciar a criação do África.cont, um centro de arte africana contemporânea em Lisboa. Um projecto considerado estratégico para, explicou ao PÚBLICO o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, "a consolidação de Lisboa como espaço euro-africano". Ou, nas palavras de António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), para "perpetuar esta realidade de Lisboa ser a ponte entre a Europa e África".

O anúncio irá acontecer num jantar oferecido por Sócrates, e para o qual estão convidados os embaixadores dos países africanos em Portugal, vários empresários portugueses e africanos e o antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan (presença ainda não confirmada).

O projecto nasce também já com uma morada, revelou ao PÚBLICO José António Fernandes Dias, consultor da Fundação Gulbenkian, especialista em arte contemporânea africana e o homem convidado para conceber o novo centro.

O África.cont ficará instalado nas Tercenas do Marquês, edifício do século XVIII, actualmente bastante degradado, situado no "miolo" entre a Rua das Janelas Verdes e a Avenida de 24 de Julho, próximo do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e terá entrada por ambos os lados.

Dado que o espaço, que inclui o Palacete Pombal e três antigos armazéns, precisa de obras, a proposta de Fernandes Dias foi que se convidasse um arquitecto africano. A escolha está feita e David Adjaye (nascido na Tanzânia mas a viver em Londres) tem já pronto o anteprojecto (financiado pela Fundação Gulbenkian), que será apresentado no jantar de dia 9.

"Ele já cá veio ver o espaço, e ficou muito excitado com o projecto", conta Fernandes Dias, sublinhando que Adjaye conhece bem Portugal, tendo estagiado no Porto com o arquitecto Eduardo Souto de Moura.

Para além da lusofonia

Comecemos então a história pelo princípio. Há um ano, quando Lisboa recebia os líderes africanos e declarava a intenção de ser a tal ponte entre a Europa e África, António Costa contactou Fernandes Dias e apresentou-lhe, pela primeira vez, a ideia que partira, inicialmente, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado: a criação de um museu de arte africana contemporânea.

"Disse-lhe que tinha duas objecções", conta Fernandes Dias. "Um museu parece-me uma instituição demasiado fechada, com grandes encargos de conservação. Além disso, íamos mostrar o quê? Não tínhamos colecção. Por outro lado, sugeri que não se restringisse às artes visuais. Fazia mais sentido ter um centro cultural, multidisciplinar, com uma lógica de projectos que se vão desenvolvendo."

Costa concordou e nasceu o África.cont ("cont" de continente, mas também de contemporâneo). Fernandes Dias sublinha mais dois pontos. Primeiro: "Este não é um projecto da lusofonia. A ideia é precisamente ir para além da lusofonia". Segundo: "Pedi autonomia de programação - e isso foi-me garantido". Ou seja, não haverá, por exemplo, uma exposição com artistas de um determinado país só porque acontece nessa altura a visita oficial a Portugal de um dirigente desse país.

Programação para 2009

Estando esses pontos assentes, o coordenador do projecto avançou para o planeamento da programação. Prevê-se que as obras nas Tercenas do Marquês estejam concluídas em 2011, e que o centro se instale aí definitivamente no início de 2012. Mas a programação arranca já, em espaços provisórios, a partir do próximo ano.

Ao longo de quatro fins-de-semana, em Março, Abril e Maio, haverá no São Jorge um ciclo de novo cinema africano, comissariado por Manthia Diawara, professor de Estudos Africanos na Universidade de Nova Iorque e autor do documentário que acompanhou o projecto da artista Ângela Ferreira para o pavilhão português na Bienal de Veneza 2007. Serão apresentadas quatro dezenas de filmes, haverá debates, e Fernandes Dias espera poder contar com a presença de muitos dos realizadores.

A segunda iniciativa é uma mesa--redonda com intelectuais e agentes culturais africanos para discutir "o modelo da instituição [o África.cont] do ponto de vista africano". Haverá também uma exposição vinda da Casa África, de Las Palmas, com sete vídeos feitos por jovens realizadores africanos nas suas cidades.

E, por fim, haverá ainda uma exposição que reunirá a arte africana contemporânea que existe nas colecções portuguesas, numa colaboração com outras fundações - Gulbenkian, Serralves, Berardo, Culturgest e Ellipse.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1351647