Sunday, July 27, 2008

FMM Sines - Baobab gourmet por Chef Barthélemy






Orchestra Baobab
Rudy Gomis - voz, maracas, clave
Assane Mboup - voz
Ndouga Dieng - voz
Balla Sidibe - voz timbales tambores
Barthelemy Attisso - guitarra
Latfi Benjeloun - guitarra
Issa Cissoko - sax tenor sax alto
Thierno Koite - sax alto
Charlie Ndiaye - baixo
Mountaga Koite - congas bateria

O concerto começou pelas 0h30, com os três cantores com camisas coloridas, laranja vermelho, rosa com dourado, um arco-íris quando a banda entrou em palco, mapa da sociedade das nações que esta banda representa de Marrocos, à Guiné, passando pelo Togo e Senegal, cantando em Wolof, Criolo da Guiné e de Cabo Verde e francês. A emoção era enorme, a par da Star Band de Dakar no clube Miami, a original orquestra Baobab era uma das estrelas do firmamento de Dacar na década de 70.
Ainda para mais estava presentes uma parte dos músicos que a fundaram em em 1970, para animar a abertura do Clube Baobab, em Dacar: Rudy Gomis, Barthélemy Atisso e Balla Sidibé. O Baobab era um clube de elite, frequentado por homens de negócios e políticos. A mistura musical da época era variadíssima, desde High-Life do Gana, a soul, pop, afro-cubana, rumba do Congo e morna do vizinho Cabo-Verde, e que precedeu um movimento de redescoberta dos instrumentos como o sabar, a kora e o balafon e das raízes musicais mais tradicionais. Tempo da voz maravilhosa de Laye Mboup falecido em 74.

Tema a tema
1 Início com ritmo afro-cubano.
2 Esta orquestra é uma máquina bem oleada e o Barthélemy a encantar com a subtileza dos seus solos. Nem parece que se reencontraram há 6 anos. A guitarra é amarelada mas brilha como se fosse dourada.
3 Excelente articulação entre voz principal e vozes secundárias, com solos incisivos e pujantes do sax de Thierno Koite.
4 Barthélemy com pedal reverb com um pouco de distorção a fazer chorar e gemer a guitarra em ritmo de marcha lento e compassado.
5 Duo de Issa e Barthélemy, dois motores de ritmo e musicalidade.
6 Barthélemy com mais um solo composto por glissandos celestiais e notas altas dadas com velocidade e precisão incríveis.
7 Bul Ma Miin
8 Utru Horas
Solo de guitarra com passagem de solo a uma corda, para acorde com marcaçao de tempo com toques secos no braço do instrumento.
9 Ritmo com cadência próxima do reggae.
10 'Belasa(?)'
11 Depois de bastante exibicionismo Issa faz um solo sobre um standard jazz e entram os batuques e as tarolas, a seguir o baixo, e uns acordes funk, entra o alto. Que maravilha de crescendo orgânico em que tudo encaixa!
12 Volta o afro cubano quase um cha cha cha com trechos de La Bamba no meio do solo no sax tenor. Percussão com estalidos da boca. Barthelemy com acelerações suaves de ritmo, o pescoço sempre ligeiramente debruçado sobre a guitarra, com movimentos ritmados, e 'ça c'est vrai' canta-se em coro.
Encore - Musica do disco Pirates Choice que começa com dueto Issa/Barthélemy
Esta música é um concentrado musical de estilos variados, um verdadeiro cocktail de suavidade das vozes e a sua combinação em tons diferentes, e o namoro do sax com a guitarra. Senti-los em palco é partilhar do saber de músicos com imensa experiência para dar a conhecer a tradição riquíssima das bandas da África Ocidental, regressada após 17 anos.
Fica a impressão forte de Barthélemy Atisso, natural do Togo, artista no auge da sua maturidade, a solar da forma delicada, melodiosa e ritmada como os grandes guitarristas africanos das bandas dos anos 70 faziam, e que os distingue claramente das tradições jazz, rock, espanhola ou folk. A partir daí o prazer é ouvir como cada um dos grandes imprime o seu estilo original: no caso dele sempre sofisticado e discreto seja com que estilo, pedal ou efeito. O concerto acaba com o paladar que o maior guitarrista africano vivo se chama Barthélemy Atisso, e que gratidão que ele tenha voltado a tocar depois de treze anos de interregno para o ouvir assim mágico. O efeito é o de um banho de espuma com champanhe.

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