Ontem, dia 24 de Maio, a RDP África realizou a festa do Dia de África, que se celebra hoje, certamente a pensar num retemperador Domingo para os excessos da festa. Devem ter sido cerca de 40 nomes a passar pelo palco da Quinta da Memória, apresentados pelo incansável Nuno Sardinha. Devia ter começado às 15h, mas havia pouca gente e ainda estavam a espalhar casca de pinheiro para evitar a lama que se formava com a chuva que esteve intermitente ao longo do dia, só voltando mais forte já a noite tinha chegado. Muitas barraquinhas com predominância na gastronomia para Guiné-Bissau e São Tomé. Falta a presença mais forte de Angola, Cabo-Verde e Moçambique. Mesmo assim destaco a sigá de carne de uma barraquinha da Guiné que me deu a descobrir o peculiar paladar do jagatu. No entanto depois de uma chuvada e de se fazer sentir o vento frio, descobri um caldo de peixe com banana pão e um calulu com funge de milho na barraquinha da entrada. Vitória gastronómica para S. Tomé que nem precisava do bolo de de ananás e do bolo de banana para adoçar a boca depois de tanto sabor.
Quanto à música muito playback, justificável pela enorme quantidade de músicos, mas perfeitamente evitável com uma ou duas bandas residentes. As notas de audição a cada actuação normalmente de duas ou três músicas.
Irmãos Verdades - Abertura com a banda africana mais popular no plano nacional.
Gylito - Figura extremamente popular, é um bom comunicador e apresentou-se com guitarra e pouco mais. E canta benzinho (o benzinho é um elogio). Prepara-se para rumar ao Brasil. A Carla fez voz de apoio, maravilhosa como sempre e esperamos um disco dela para breve.
Mingo - Do grupo Canela de Moçambique, à guitarra, encantador. A primeira música em tom ligeiro a falar de coisas sérias "O galo diz para a galinha enche o papo que logo tens forró. Co-co-ri-có." A segunda de "Tupis dos Himalaias e Zulus da Sibéria", um mapa mundo nomadizado.
Cremilde - Voz com raça de S. Tomé e senhora de muita presença.
Kimi Jjabaté - A alma ou o espírito de África, um dos dois, desce a Odivelas com um homem sozinho tocando duas peças em balafon.
Orquestra Super Mama Jombo - Gostei porque tenho um fraquinho pelas orquestras da África Ocidental, mas acho que quem se apresenta perante um público jovem tem que entender que é algo de novo e desconhecido e preparar um reportório a condizer. Serão os meus ouvidos cheios de coisas boas do Senegal, Mali e Guiné Equatorial a exigirem de mais? Talvez.
Refilon - Ora aqui estão rapazes como deve ser. Banda completa, guitarra, viola acústica, baixo, bateria e violino, Cabo-Verde em música bem tocada de roupa nova. Mornas e funanás a soar a fresco numa nova geração.
Bonga - Uma força da natureza e de energia pôs as pessoas todas a dançar e é a prova viva da transversalidade de alguma música através das gerações. Ritmo é ritmo!
Don Kikas - Só o conhecia do espaço reduzido do B. Leza mas é um profissional experiente que animou muito o público.
Três reparos.
Os bancos ocupavam metade do espaço do público e a tentação de subir para eles e impedir a visão do espectáculo é natural.
A promoção do cartaz de músicos devia ter sido mais forte.
Faltaram tambores, percussão, djembés em fúria e batuque. Para o ano convidem as senhoras da Cova da Moura, não é preciso ir a Santiago!
Em suma, um dia com aquela alegria de África que os africanos partilham connosco e que tornam a vida melhor.
Parabéns à RDP África e à Câmara Municipal de Odivelas.
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